segunda-feira, 29 de junho de 2009


  
A Fera da Penha
Em 30 de junho de 1960, foi encontrado, atrás de um matadouro na Penha, subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, o corpo de uma menina de quatro anos, queimado e com um tiro na cabeça.

Este é o trágico final de uma história que teve início no ano anterior. Neide, uma comerciária de 22 anos, conheceu Antônio, um motorista, numa estação de trem. Durante três meses os dois se encontravam quase todos os dias, num namoro igual a todos os outros do início dos anos sessenta. Tudo ia muito bem, mas Antonio escondia de Neide um segredo: era casado e tinha duas filhas pequenas. 

Um dia, como sempre acontece, Neide descobriu a verdade - seu namorado era casado e tinha duas filhas. Indignada, deu uma semana a Antônio para deixar a mulher, mas, meses depois, vendo que ele não se separaria de Nilza, resolveu se fazer amiga dela. Procurou-a dizendo ser uma antiga colega de colégio e acabou conseguindo a confiança e a amizade da mulher do amante. 

Ferida pela rejeição, Neide queria vingar-se de Antônio e, ao conhecer sua filhinha mais velha, Tânia Maria, de 4 anos, determinou, covardemente, que executaria sua vingança vitimando Tânia. 

Um dia, telefonou para a escola de Tânia dizendo ser Nilza e que precisava que a menina viesse mais cedo para casa, mas que mandaria uma vizinha buscá-la. Quando Nilza foi levar o lanche de Taninha, ela já tinha saído da escola, levada por Neide.

Antonio desconfiou de Neide, mas não podia imaginar que ela seria capaz de qualquer maldade com a criança, muito menos da crueldade que ela iria cometer.

Neide ficou seis horas com Taninha. Levou a menina para a casa de uma amiga, na Penha e também foi a uma farmácia, onde comprou uma garrafa de álcool, com a mais macabra das intenções.

Finalmente, às oito e meia da noite, foi com a menina para trás de um matadouro, na Penha, e deu-lhe um tiro na cabeça, pondo-lhe fogo no corpo e, em seguida, abandonou o local.

As investigações policiais levaram a Neide que negou a acusação em interrogatório, durante doze horas. Negou o crime, inventou histórias, deu pistas falsas, negou a autoria, só admitindo o que não dava mais para negar. Quando lhe mostraram a arma do crime e a bala que perfurou o crânio da menina dizendo-lhe que se a arma era dela, só podia ter sido ela a assassina, ainda tentou negar a autoria: "E porque havia de ser eu?" Foi-lhe explicado que um revólver tem raias no interior do cano e quando se atira, a bala fica com marcas dessas raias. Quis examinar o cano da arma para verificar se de fato havia raias e a bala, verificando os arranhões das raias. Mostram-lhe, então o laudo da perícia. Ela já não tinha mais argumentos, já não tinha como fugir à confissão. Mesmo assim, hesitou por algumas horas e, de repente, teve um acesso de choro e confessou o crime monstruoso. O delegado Olavo Campos Pinto, do 24º Distrito Policial, após ouvir a bárbara confissão, disse-lhe que agora só faltava ela pagar pelo que fez, quando ela respondeu: "Eu mereço". 

Tânia Maria Coelho Araújo, a pequena vítima da crueldade de Neide, foi chamada de Flor do Campo e, em sua memória, foram feitos poemas pelo povo indignado e, no lugar onde seu corpo foi encontrado, surgiu um berço feito por populares, onde as pessoas se reuniam em oração. 

Neide Maia Lopes, por seu crime bárbaro foi chamada de Frankenstein de saias, mulher-fera, mulher-monstro, besta-humana e, o nome impossível de esquecer, fera da Penha.

Em julgamento, a "fera da Penha" foi condenada a 33 anos de prisão, dos quais cumpriu 15, saindo em livramento condicional.

Fontes:
Memória Viva - http://memoriavia.digi.com.br/ocruzeiro/index.htm
Globo.com - http://linhadireta.globo.com/justica/justica_home.jsp 

Redação final: Ilza Barbalho

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